quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Miguel Domingues

Peço, em primeiro lugar, desculpa pela falta de actualização do Há Lodo no Cais, mas a minha profissão por vezes exige demasiado tempo em viagens internacionais que não me permitem sequer ter um espaço para abrir este blogue. No entanto, há uns dias atrás, quando regressava de Hong Kong e esperava, em Charles de Gaulle, pelo avião que me trouxesse finalmente de volta a Lisboa, resolvi dar uma vista de olhos pela blogosfera. Notei que um blogue fazia referência directa a este espaço, da autoria de Miguel Domingues.

Vamos então falar um pouco daquilo que o Miguel tem para partilhar connosco. Ao fazer tal coisa, sabemos estar a abrir um precedente sem retorno. A partir de agora, qualquer blogue, por mais refundido e anónimo que seja, vai achar que tem direito de antena no Lodo. Mas temos consciência disso e, como somos democráticos, acreditamos que todos têm direito aos seus cinco minutos de Lodo.

O Miguel confessa ao mundo que quer ser crítico de cinema. É sempre bom ver um jovem no vigor da idade confessar que o seu objecto de vida é tão nobre e altruísta como ser crítico de cinema. É inspirador! Mas recentemente o Miguel tem-se demonstrado desencantado com a vida, triste e prestes a abandonar o seu sonho. Nós, aqui no Lodo, achamos que é nosso dever apoiar o talento. E por isso, fazemos aqui um apelo público ao Miguel! NÃO DESISTA! Na verdade, achamos que ele tem até um perfil adequado para a crítica de cinema. Basta ver os exemplos da linhagem da contratação de críticos de cinema pelos nossos jornais e canais de televisão – Jorge Mourinha, Ana Markl, Marco Oliveira, etc. - para perceber que o Miguel tem todos as condições para lá chegar.

Mas, voltando ao tema, o seu texto é a propósito do encerramento dos blogues de Nuno Pires e Francisco Mendes, e devo dizer que comecei logo por concordar com ele no segundo parágrafo. Também eu tenho cada vez mais vontade de deixar de ler Nuno Pires e de passar a ver os seus filmes, já que tenho bastante curiosidade em saber se consegue fazer algo de original e interessante, ou se, tal como na escrita, se limita a ser um copista descarado do politicamente correcto.

Quando cheguei ao fim do texto, os lamentos por dificilmente vir a ser crítico de cinema, as críticas ao estado da Arte e da Cultura em Portugal e as comparações do Há Lodo no Cais a doninhas fedorentas, lembraram-me algo: a 18 de Dezembro do ano passado, o mesmo Miguel Domingues publicou, embora ainda no seu anterior blog, um texto intitulado «Contra João Lopes», onde começava precisamente por afirmar “Quero ser crítico de cinema”. Nesse texto, Miguel Domingues arrasa por completo as opiniões que João Lopes escreveu em vários textos a propósito de Borat, enquanto, a meio, aproveita para, sem qualquer justificação, chamar “crítico bastante fraco” a Tiago Pimentel.

É neste momento que cabe, então, perguntar o seguinte: se, nos dias que se seguiram à publicação do referido texto, o Sound and Vision e o Viver Contra o Tempo tivessem fechado, seria justo comparar Miguel Domingues a uma doninha fedorenta que não merece importância? Impressionante como o autor de um dos textos críticos com objectivo mais duro e arrasador que se tem visto na blogosfera, é também quem reage desta forma a críticas que nem sequer lhe foram dirigidas: comparando-nos a animais de jardim zoológico.