quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A/C da Blogosfera e do Jovem Markl

Em primeiro lugar, parabéns ao Knoxville pela sua fantástica descoberta e agradecimentos por ter espalhado a notícia tão rapidamente, o que tornou a comunicação entre blogues muito mais fácil. Sim, é verdade: José António Galvão e Miguel Galrinho são a mesma pessoa. Mas calma: não precisam de pintar isto como o erro fatal que me vai destruir a vida! Até porque me sinto bastante vivo e saudável, e lamento se não vou corresponder aos entusiásticos pedidos de abandono da blogosfera. A quem celebra a minha destruição, também quero referir que a minha cinefilia e integridade estão intactas e imaculadas. Apenas acho despropositadas as suposições que se têm feito a propósito da identidade de Susana. “Começa agora justamente a pensar-se”, escreve Nuno Markl, “não será também ela mais um alter ego – possivelmente a namorada fictícia”. Como se costuma dizer, a pensar morreu um burro, portanto limitemo-nos aos factos e ao que interessa. Mas já que está tão interessado no assunto, posso dizer-lhe (para sua desilusão, calculo) que nenhum texto assinado pela Susana é de minha autoria.

Esclarecido o primeiro ponto, sinto-me também obrigado a esclarecer os objectivos deste blogue, que pelos vistos não são tão claros como pensava. O tom é claramente de ironia e hiperbolização (e as constantes referências às profissões e viagens não deixam dúvidas). Numa blogosfera que se leva demasiado a sério neste tipo de críticas, e onde a arte da lambe-botice atinge patamares muitas vezes enjoativos, o objectivo era precisamente fazer o contrário: quebrar os sempre perigosos consensos e verificar as reacções e capacidade de acatamento de críticas negativas de quem está habituado a ser bajulado, atacando sem preconceitos diversos blogues, exagerando e hiperbolizando determinados aspectos. Quem levou tudo isto muito a sério e nos acusou de arrogância, é a vida: passou por completo ao lado do espírito dos textos, o que nunca pensei que fosse possível (a sério que não pensei, mas com este tipo de reacções só dão razão ao que escrevi). Quem soube aceitar as críticas e não ficar ofendido, melhor para eles. Quem não soube, temos pena.

Não posso também deixar de referir o último texto que Nuno Markl me dirigiu, dado que as afirmações em falso são tantas que me sinto obrigado a esclarecê-las. É deixado logo bem claro no segundo parágrafo que “agora podemos dar-lhe o tratamento que o Lodo costuma dedicar aos alvos da sua birra.” O que me leva a perguntar: mas afinal quem é que fez birra, Nuno Markl? Que me lembre, foi o Nuno que, quando confrontado com as provocações do Lodo, preferiu vitimizar-se e sugerir que poderia não resolver as coisas a bem. O seu sentido de humor e capacidade de encaixe são de facto notáveis. É que eu aqui estou, completamente aberto a esse tipo de "tratamento" de que fala.

“Constato que ambos somos fãs de Wes Anderson, mas se é isto o melhor que este escriba tem para dizer de uma curta-metragem de complemento a The Darjeeling Limited que, provavelmente, só conseguiremos ver quando o filme sair em DVD e que é capaz de suscitar tanta curiosidade, não admira que ainda não haja quem lhe pague um ordenado para fazer disto profissão” (…) “Diferença essencial entre muitas dessas pessoas e o Galrinho: elas não se põem arrogantemente em bicos de pés e não escrevem sobre cinema porque invejam quem disso faz vida e cobiçam quem está no lugar onde eles gostariam de estar. Escrevem sobre cinema porque sim. Porque gostam e porque querem partilhar o entusiasmo com o resto do mundo.”

Fico espantado com estas afirmações, pois não faço a menor ideia onde raio foi buscar que quero fazer vida disto. Acontece que também escrevo sobre cinema porque sim, assim como também critico quem quiser quando acho que o devo fazer, assinando com outros nomes se achar que atinge melhor o efeito pretendido. E é claro que eu podia ter escrito mais sobre «Hotel Chevalier», mas o Nuno também podia ter escrito menos para televisão… é mesmo assim, às vezes escrevemos mais, outras menos.

De resto, agradeço as considerações que faz sobre a minha escrita (afinal, não é todos os dias que somos corrigidos por um ex-crítico!). Serão anotadas e consideradas, pois vão-me permitir fazer grandes melhorias no futuro!! Quanto às bonitas e poéticas desculpabilizações que faz do seu passado enquanto Criswell, não tenho nada a comentar. É que mesmo se o Nuno Markl tivesse continuado a enrolar durante mais um parágrafo ou dois, já desde a primeira frase que tinha ficado tudo esclarecido quanto à “falta de tomates”.